Hoje trago-vos uma pequena partilha acerca do São Martinho. Incluí este tema na estação do outono, servindo enquanto conclusão para esta estação do ano. Geralmente costumo desenvolver o São Martinho na semana antes da festa do magusto na escola, para que o grupo compreenda o motivo da comemoração.
Este ano, além de ter contado a estória com o auxílio desta sequência de imagens, preparei uma caixa com ouriços e castanhas, promovendo não só o contacto com estes materiais, mais também a degustação das castanhas (cruas).
Aproveitando as cascas das castanhas que sobraram, as crianças realizaram uma colagem, compondo as castanhas com estes restos.
No último dia, não só assistiram ao teatro do São Martinho, como também realizaram um lanche partilhado com a restante instituição, não podendo fazer o tradicional assar das castanhas na fogueira devido às más condições climatéricas.
Para começar bem a semana, trago-vos hoje um livro infantil diferente. Tem como título "Vazio", da autoria de Catarina Sobral e publicado pela editora Pato Lógico.
"Vazio" é um daqueles livros que encontramos na categoria infantil mas que tem um sinificado mais profundo para adultos, o que não significa que não possa ser explorado com crianças, mas antes que deve haver sempre um apoio na sua análise.
Em primeiro lugar, distingue-se por não ter texto, isto é, a estória é nos contada apenas através das ilustrações, que, devo acrescentar, são bastante expressivas e marcantes. Este foi um dos livros adquiridos com um dos meus acessos de amor à primeira vista, na Feira do Livro de Lisboa de 2017, aproveitando também um excelente desconto por ser Livro do Dia.
Não só pelas características já enunciadas, mas também devido à espessura fina das suas páginas, este é, sem sombra de dúvida, um livro dirigido aos adolescentes/adultos. Tem uma estória sobre o amor e o nosso conhecimento acerca de nós próprios. A personagem principal é o Sr. Vazio, que se distingue das restantes que se cruzam no seu caminho precisamente por isso, por estar vazio. A sua caracterização está simples, mas perfeita, uma vez que é apenas retratado como uma silhueta branca. A sua demanda é compreender-se e deixar de ser o que é - vazio -, tentando as mais varidíssimas atividades, como ir ao médico, ao supermercado, passear na natureza, ao museu... Enfim...
O Sr. Vazio quer preencher-se mas parece que nada resulta até que se cruza com a Sra. Vazia... Curiosos? Vão espreitar o final que, tal como o a personagem principal, é simples e simultaneamente poderoso. Adoro este livro e aconselho-o vivamente, sobretudo para estes dias chuvosos e frios, que nos levam, muitas vezes, a refletir sobre aquilo que nos preenche.
Prometi, há uns tempos atrás, abordar mais o tema "Vida de Educadora", aproveitando esta plataforma para partilhar a minha prática pedagógica, não só com colegas, mas com o público em geral, esperando com isso crescer, inspirar, trocar ideias...
Então hoje resolvi partilhar um breve resumo de como abordei o tema do outono na minha sala, na valência de creche, mais concretamente na sala dos 2-3 anos. Em primeiro lugar, é importante ressalvar que não me guio por datas, ou seja, não me faz sentido começar a abordar o outono a 23 de setembro, quando ainda estão 30º à sombra. Datas, números, descrições, são tudo conceitos muitos abstratos para as crianças mais novas, pelo que para mim é fundamental que, acima de tudo, o que abordarmos em sala seja real e que implique envolvimento.
Deste modo, só iniciei este tema a 15 de outubro deste ano, quando o tempo começou a dar-nos algumas restrições para brincarmos lá fora - a necessidade de um casaco ou de brincar no corredor porque está a chover. Assim, torna-se bastante percetível para o grupo que algo está diferente, e é nas condições meteorológicas que me apoio para trazer este assunto para a mesa.
Para além disso, a descrição breve que aqui vou partilhar não inclui cronologia nem organização, de maneira a tornar-se mesmo resumida. Na minha prática respeito a utilização de uma agenda semanal, na qual os dias apresentam diferentes tipos de atividades - plástica, motora, musical, produção e compreensão oral, contacto com a natureza, entre outros - o que significa que as atividades aqui descritas foram surgindo enquadradas nessa organização, previamente conversadas com o grupo de crianças e a equipa pedagógica de sala.
E sem mais demoras, as atividades sobre o outono que desenvolvi na sala foram:
Dinamização de estórias - escolhi abordar duas estórias diferentes, uma o "Adivinha o Quanto Gosto de Ti no Outono" e "As 4 estações e Vivaldi", focando na estação pretendida e acompanhada pelo CD incluído no livro. Aproveito sempre esta estória, contada de uma forma mais simples do que a que está escrita no livro, para realizar posteriormente uma dança com lenços, ao som da música de Vivaldi dedicada ao outono. Frequentemente repito esta atividades nas outras estações, de maneira a que as crianças sintam a música e a possam comparar entre estações;
Caixas surpresa - obviamente que as caixas surpresa associadas ao outono são compostas maioritariamente por elementos da natureza. Proporcionei duas caixas de outono, a primeira cheia de diferentes tipos de folhas secas e pinhas, que as crianças puderam explorar autonomamente, já que, neste dia, o vento do outono levou todos os brinquedos e materiais disponíveis na sala e apenas deixou a caixa com as folhas e roupas quentinhas. A segunda caixa estava mais relacionada com as cores e motricidade fina, uma vez que disponibilizava arroz e massa tingidos em vermelho e amarelo, folhas de outono decorativas, pinhas e várias colheres e recipientes para encher. Esta foi uma caixa que exigiu trabalhar em pequenos grupos, no espaço definido e com maior concentração;
Colagem com folhas - após a exploração da caixa surpresa com folhas do outono, em grande grupo foi decidido que aproveitaríamos todos os pequenos pedaços de folhas e faríamos uma composição gráfica com as mesmas. Primeiro cada criança aplicou cola branca com um pincel e depois escolheu e dispôs a seu gosto as folhas de outono na folha;
Caça às folhas do outono - antes das crianças entrarem no espaço dedicado à expressão motora, foi preparado um circuito de deslocamentos, com várias folhas escondidas por baixo e entre os materiais. Quando entraram, as crianças foram convidadas a apanhar todas as folhas que encontrassem, continuando depois com o circuito;
Som das folhas e canções - no dia da caixa surpresa com as folhas, as crianças foram explorando como melhor consideravam, sendo uma das formas mais comuns o som das folhas a quebrarem-se. Para além disso, no dia da expressão musical foram apresentadas e mimadas diferentes canções, tais como "Já cá está o Outono" ou "A chuva";
Degustação de frutas da época - num dos dias, em vez da fruta do refeitório, foi oferecido às crianças diferentes frutas da época, tais como maçã, pera, romã e diospiro. Estas frutas foram primeiro dadas às crianças para sentir texturas e cheiros, para depois comerem um pedaço de cada uma;
Confeção de marmelada - com a visita à Horta da instituição, referida nesta publicação, o grupo recolheu alguns dos marmelos que estavam nas árvores. Após a reflexão sobre a visita, considerou-se importante fazer uma marmelada, não só para o lanche das crianças, mas também para partilhar com os pais no dia da reunião. Foi feita uma receita light, com açúcar mascavado, limão, água e paus de canela, com a ajuda da panela de pressão.
Estas foram as atividades principais realizadas dentro do tema do outono, que será concluído esta semana com a celebração do São Martinho. E por aí? O que foi feito sobre o outono?
Apesar de tarde, trago-vos uma sugestão de livro para explorar acerca do Halloween, mesmo que não seja tão óbvio a uma primeira vista. Na minha opinião, esta época é bastante propositada para se falar em medos, independentemente de quais sejam eles. Os medos, de adultos ou crianças, devem ser levados bastante a sério, não devendo, por isso, ser um motivo a ser ridicularizado. Porém, não devem passar a ser um tabu, antes pelo contrário. Devemos trabalhar e enfrentas os nossos medos, quando preparados, percebendo que é normal tê-los, mas que, ainda assim, conseguimos encontrar soluções para saber lidar com eles.
Assim, sendo, hoje trago a sugestão de "A Filha do Grufalão", escrito por Júlia Donaldson, ilustrado por Axel Scheffler e da editora Pi.
Adquiri este exemplar na Feira do Livro de Lisboa em 2012 e curiosamente não tenho o primeiro, que se chama simplesmente "O Grufalão", do mesmo autor e ilustrador. Comprei este livro pelos motivos que abordo no início desta publicação, mas também pela minha pequena paixão por personagens como o Grufalão - um monstro peludo e assustador, mas ingénuo e sem maldade.
A Filha do Grufalão, porque é este o seu nome, aventura-se pela floresta, sentindo-se corajosa para enfrentar o desconhecido, reconhecendo alguns dos indícios dos perigos, travando conhecimento com alguns animais, acabando por se deparar, já no final, com o Grande-Rato-Mauzão.
Este é um livro que aconselho para crianças entre os 2 e os 6 anos de idade, devendo se explorado pelas mais novas com apoio de alguém com mais destreza, uma vez que é um livro de espessura fina, não só na capa, como também nas páginas. As ilustrações são de um estilo muito ternurento e expressivo, basta olhar para os olhos do Grufalão quando olha para a filha para o entender.
Um outro aspeto que me faz adorar este livro é a forma como está escrito (e consequentemente traduzido), uma vez que não se apresenta em formato de poema, mas é todo estruturado em rima.
E vocês por aí? Que livros abordam neste Dia das Bruxas?