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A Biblioteca da Inês

Um blog sobre a minha paixão pelos livros infantis e exemplos de como os desenvolver em educação de infância

13.11.18

Vida de Educadora: o São Martinho


Inês Martelo Ribeiro

Hoje trago-vos uma pequena partilha acerca do São Martinho. Incluí este tema na estação do outono, servindo enquanto conclusão para esta estação do ano. Geralmente costumo desenvolver o São Martinho na semana antes da festa do magusto na escola, para que o grupo compreenda o motivo da comemoração.

Este ano, além de ter contado a estória com o auxílio desta sequência de imagens, preparei uma caixa com ouriços e castanhas, promovendo não só o contacto com estes materiais, mais também a degustação das castanhas (cruas).

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 Aproveitando as cascas das castanhas que sobraram, as crianças realizaram uma colagem, compondo as castanhas com estes restos.

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No último dia, não só assistiram ao teatro do São Martinho, como também realizaram um lanche partilhado com a restante instituição, não podendo fazer o tradicional assar das castanhas na fogueira devido às más condições climatéricas.

12.11.18

"Vazio" de Catarina Sobral


Inês Martelo Ribeiro

Para começar bem a semana, trago-vos hoje um livro infantil diferente. Tem como título "Vazio", da autoria de Catarina Sobral e publicado pela editora Pato Lógico.

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 "Vazio" é um daqueles livros que encontramos na categoria infantil mas que tem um sinificado mais profundo para adultos, o que não significa que não possa ser explorado com crianças, mas antes que deve haver sempre um apoio na sua análise.

Em primeiro lugar, distingue-se por não ter texto, isto é, a estória é nos contada apenas através das ilustrações, que, devo acrescentar, são bastante expressivas e marcantes. Este foi um dos livros adquiridos com um dos meus acessos de amor à primeira vista, na Feira do Livro de Lisboa de 2017, aproveitando também um excelente desconto por ser Livro do Dia.

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 Não só pelas características já enunciadas, mas também devido à espessura fina das suas páginas, este é, sem sombra de dúvida, um livro dirigido aos adolescentes/adultos. Tem uma estória sobre o amor e o nosso conhecimento acerca de nós próprios. A personagem principal é o Sr. Vazio, que se distingue das restantes que se cruzam no seu caminho precisamente por isso, por estar vazio. A sua caracterização está simples, mas perfeita, uma vez que é apenas retratado como uma silhueta branca. A sua demanda é compreender-se e deixar de ser o que é - vazio -, tentando as mais varidíssimas atividades, como ir ao médico, ao supermercado, passear na natureza, ao museu... Enfim...

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 O Sr. Vazio quer preencher-se mas parece que nada resulta até que se cruza com a Sra. Vazia... Curiosos? Vão espreitar o final que, tal como o a personagem principal, é simples e simultaneamente poderoso. Adoro este livro e aconselho-o vivamente, sobretudo para estes dias chuvosos e frios, que nos levam, muitas vezes, a refletir sobre aquilo que nos preenche. 

06.11.18

Vida de Educadora: o outono


Inês Martelo Ribeiro

Prometi, há uns tempos atrás, abordar mais o tema "Vida de Educadora", aproveitando esta plataforma para partilhar a minha prática pedagógica, não só com colegas, mas com o público em geral, esperando com isso crescer, inspirar, trocar ideias...

Então hoje resolvi partilhar um breve resumo de como abordei o tema do outono na minha sala, na valência de creche, mais concretamente na sala dos 2-3 anos. Em primeiro lugar, é importante ressalvar que não me guio por datas, ou seja, não me faz sentido começar a abordar o outono a 23 de setembro, quando ainda estão 30º à sombra. Datas, números, descrições, são tudo conceitos muitos abstratos para as crianças mais novas, pelo que para mim é fundamental que, acima de tudo, o que abordarmos em sala seja real e que implique envolvimento.

Deste modo, só iniciei este tema a 15 de outubro deste ano, quando o tempo começou a dar-nos algumas restrições para brincarmos lá fora - a necessidade de um casaco ou de brincar no corredor porque está a chover. Assim, torna-se bastante percetível para o grupo que algo está diferente, e é nas condições meteorológicas que me apoio para trazer este assunto para a mesa.

Para além disso, a descrição breve que aqui vou partilhar não inclui cronologia nem organização, de maneira a tornar-se mesmo resumida. Na minha prática respeito a utilização de uma agenda semanal, na qual os dias apresentam diferentes tipos de atividades - plástica, motora, musical, produção e compreensão oral, contacto com a natureza, entre outros - o que significa que as atividades aqui descritas foram surgindo enquadradas nessa organização, previamente conversadas com o grupo de crianças e a equipa pedagógica de sala.

E sem mais demoras, as atividades sobre o outono que desenvolvi na sala foram:

  • Dinamização de estórias - escolhi abordar duas estórias diferentes, uma o "Adivinha o Quanto Gosto de Ti no Outono" e "As 4 estações e Vivaldi", focando na estação pretendida e acompanhada pelo CD incluído no livro. Aproveito sempre esta estória, contada de uma forma mais simples do que a que está escrita no livro, para realizar posteriormente uma dança com lenços, ao som da música de Vivaldi dedicada ao outono. Frequentemente repito esta atividades nas outras estações, de maneira a que as crianças sintam a música e a possam comparar entre estações;

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  • Caixas surpresa - obviamente que as caixas surpresa associadas ao outono são compostas maioritariamente por elementos da natureza. Proporcionei duas caixas de outono, a primeira cheia de diferentes tipos de folhas secas e pinhas, que as crianças puderam explorar autonomamente, já que, neste dia, o vento do outono levou todos os brinquedos e materiais disponíveis na sala e apenas deixou a caixa com as folhas e roupas quentinhas. A segunda caixa estava mais relacionada com as cores e motricidade fina, uma vez que disponibilizava arroz e massa tingidos em vermelho e amarelo, folhas de outono decorativas, pinhas e várias colheres e recipientes para encher. Esta foi uma caixa que exigiu trabalhar em pequenos grupos, no espaço definido e com maior concentração;

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  • Colagem com folhas - após a exploração da caixa surpresa com folhas do outono, em grande grupo foi decidido que aproveitaríamos todos os pequenos pedaços de folhas e faríamos uma composição gráfica com as mesmas. Primeiro cada criança aplicou cola branca com um pincel e depois escolheu e dispôs a seu gosto as folhas de outono na folha;

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  • Caça às folhas do outono - antes das crianças entrarem no espaço dedicado à expressão motora, foi preparado um circuito de deslocamentos, com várias folhas escondidas por baixo e entre os materiais. Quando entraram, as crianças foram convidadas a apanhar todas as folhas que encontrassem, continuando depois com o circuito;

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  • Som das folhas e canções - no dia da caixa surpresa com as folhas, as crianças foram explorando como melhor consideravam, sendo uma das formas mais comuns o som das folhas a quebrarem-se. Para além disso, no dia da expressão musical foram apresentadas e mimadas diferentes canções, tais como "Já cá está o Outono" ou "A chuva";
  • Degustação de frutas da época - num dos dias, em vez da fruta do refeitório, foi oferecido às crianças diferentes frutas da época, tais como maçã, pera, romã e diospiro. Estas frutas foram primeiro dadas às crianças para sentir texturas e cheiros, para depois comerem um pedaço de cada uma;

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  • Confeção de marmelada - com a visita à Horta da instituição, referida nesta publicação, o grupo recolheu alguns dos marmelos que estavam nas árvores. Após a reflexão sobre a visita, considerou-se importante fazer uma marmelada, não só para o lanche das crianças, mas também para partilhar com os pais no dia da reunião. Foi feita uma receita light, com açúcar mascavado, limão, água e paus de canela, com a ajuda da panela de pressão.

Estas foram as atividades principais realizadas dentro do tema do outono, que será concluído esta semana com a celebração do São Martinho. E por aí? O que foi feito sobre o outono?

01.11.18

A propósito de medos...


Inês Martelo Ribeiro

Apesar de tarde, trago-vos uma sugestão de livro para explorar acerca do Halloween, mesmo que não seja tão óbvio a uma primeira vista. Na minha opinião, esta época é bastante propositada para se falar em medos, independentemente de quais sejam eles. Os medos, de adultos ou crianças, devem ser levados bastante a sério, não devendo, por isso, ser um motivo a ser ridicularizado. Porém, não devem passar a ser um tabu, antes pelo contrário. Devemos trabalhar e enfrentas os nossos medos, quando preparados, percebendo que é normal tê-los, mas que, ainda assim, conseguimos encontrar soluções para saber lidar com eles.

Assim, sendo, hoje trago a sugestão de "A Filha do Grufalão", escrito por Júlia Donaldson, ilustrado por Axel Scheffler e da editora Pi.

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Adquiri este exemplar na Feira do Livro de Lisboa em 2012 e curiosamente não tenho o primeiro, que se chama simplesmente "O Grufalão", do mesmo autor e ilustrador. Comprei este livro pelos motivos que abordo no início desta publicação, mas também pela minha pequena paixão por personagens como o Grufalão - um monstro peludo e assustador, mas ingénuo e sem maldade.

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A Filha do Grufalão, porque é este o seu nome, aventura-se pela floresta, sentindo-se corajosa para enfrentar o desconhecido, reconhecendo alguns dos indícios dos perigos, travando conhecimento com alguns animais, acabando por se deparar, já no final, com o Grande-Rato-Mauzão.

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Este é um livro que aconselho para crianças entre os 2 e os 6 anos de idade, devendo se explorado pelas mais novas com apoio de alguém com mais destreza, uma vez que é um livro de espessura fina, não só na capa, como também nas páginas. As ilustrações são de um estilo muito ternurento e expressivo, basta olhar para os olhos do Grufalão quando olha para a filha para o entender.

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 Um outro aspeto que me faz adorar este livro é a forma como está escrito (e consequentemente traduzido), uma vez que não se apresenta em formato de poema, mas é todo estruturado em rima.

E vocês por aí? Que livros abordam neste Dia das Bruxas?